Pequenas felicidades
Certa vez, li num livro que a vida é composta por pequenos intervalos de pequenas felicidades alternados por longos períodos de existência besta e bosta(não era bem dessa forma que estava escrito, mas foi a melhor forma que encontrei para assimilar tal pensamento)
À medida que cresci(quer dizer, nem cresci tanto - digamos "amadureci", fica mais realista), aprendi que, infelizmente, tal pensamento é um dogma. Felicidade repleta? Só em filmes, e olhe lá. Normalmente, filmes dessa temática nem fazem tanto sucesso. A audiência quer ver é SANGUE, isso é fato.
Pois bem,salvo essa introdução desnecessária, vamos ao que eu gostaria de relatar a vocês.
Há três semanas,vi-me sentada à beira de um leito de hospital ouvindo um médico falar que suspeitava que minha mãe estava com uma infecção generalizada e, dependendo do estado dela no dia seguinte, talvez uma cirurgia de emergência fosse necessária. Enquanto ouvia isso, ela chorava baixinho e eu apertava o terço que fora de minha avó com tanta força que me doíam os dedos.
No dia seguinte,milagrosamente, após uma série de exames, resolveu-se que não haveria nenhuma operação e que o quadro dela nem era tão grave assim. (o detalhe que,depois disso, eu estou com umas cinco promessas DAS BRABAS pra cumprir é "só" detalhe - adeus coca-cola, café, pequenos consumismos.. aiai.)
Ontem, resolvi vestir um biquini, apareci na sala onde toda a família estava reunida e sugeri que fôssemos à praia.
- Vamos fingir que somos pessoas normais que passeiam em feriados e vamos à praia?(o teor sarcástico com que eu disse isso e o fato de o tempo estar nublado só acentuaram o ridículo da situação)
Curiosamente, mamãe sorriu e disse:
- Claro!!!! Mas você vai ter de me emprestar um biquini tambem, porque quase todas minhas roupas já estão na casa nova.
E a praia?
Bem, estava parcialmente vazia e ainda choveu quando chegamos lá, e o mar tinha formado uma piscina gigantesca - e a água estava morna, uma delícia! Assim que dei o primeiro mergulho, entrou uma tonelada de água no meu ouvido. Furiosa,com pingos da chuva caindo nos meus olhos - ai, minhas lentes- sentei-me à beira da piscina salgada enquanto não conseguia desentupir o ouvido. Foi aí que aconteceu a cena mais linda de todas: minha mãe, com um maiô de academia emprestado(que coube perfeitamente nela, já que ela emagreceu mais de 10kg com o que aconteceu), rindo, pulando e me dizendo:
- Boo, vem pra água! Pequenas felicidades, lembra? Pequenas felicidades!
Ela não imagina que a felicidade que senti naquele instante não era pequena, era IMENSA.
domingo, abril 16, 2006
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