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segunda-feira, março 19, 2007

Para não dizer que não falei das flores


Observando o contador de visitas do blog, surpreendi-me com a quantidade de "criaturas que comentam"(quer dizer, na verdade a grande maioria nem comenta, seus preguiçosos!)que ainda visita esse blog. O irônico desse fato é que, nos quase seis anos de existência do Booblog, eu já acabei com essa página umas cinco vezes, já passei meses sem escrever uma linha sequer, já retirei os comentários só de encrenca umas duas ou três vezes e, esporadicamente, ainda pego uns duelos verbais incompreensíveis e enfadonhíssimos com um ou outro abusadinho privado de amor materno que vem descontar os seus traumas sexuais, intelectuais e anatômicos em mim.
Tendo em vista toda essa presepada, o que eu posso dizer aos que ainda se importam comigo e que, mesmo com tudo isso, visitam-me quase todos os dias?
Obrigada. =)

::: Ainda bem que alguém nesse mundo ainda me acha interessante, porque, se eu for me basear no meu ibope no mundo real, lasquei-me feiamente..:::

domingo, março 18, 2007

Lúdico

cliquem aqui

Genial.
Milla

Quando criança, meu sonho era ter um cachorro poodle. Sempre que eu via nos desenhos animados aquele pomponzinho ambulante e bufante, corria para a primeira folha em branco que eu via, desenhava-me com um desses do meu lado e, maquiavelicamente, aproximava-me de mamãe e lhe dizia:
- Tó. Presente pra você.
Diferentemente dos demais planos infalíveis que planejei na vida(a maldição da mazelice do Cebolinha ainda me persegue), esse deu certo: aos dez anos de idade, ganhei de aniversário a cadela Milla: branquinha, fofinha, pequenininha e cheia de afeto e indocilidade tal qual a dona.
O resto da história, contudo, não saiu como eu imaginei: a cadela ingrata se afeiçoou mais à minha mãe do que a mim, e até cometeu a audácia de preferir dormir no quarto dela do que no meu. Mesmo assim, meu amor por essa entidade ambulante fresca e peluda não diminuiu, e inclusive, aumentou com o passar do tempo.
No último ano, minha cadelinha branca vinha adoecendo. Ela já não conseguia mais pular de superfícies altas para o chão(eis o motivo porque há uma almofada em forma de rampinha que sempre fica encostada à minha cama), cansava bastante ao subir escadas e já não brincava tanto comigo de “roda o cachorro pra lá e pra cá”. Eu sei que velhice é um processo natural, todo mundo um dia vai embora e bibibi bobobó, mas há uma tendência humana em querer que tudo seja sempre imutável, não é mesmo? Eu não sou exceção à regra.
Hoje, Milla sentiu uma dor forte, começou a chorar desesperadamente e, poucos segundos depois, deitou-se no chão inerte. Eu sabia bem o que estava acontecendo(o coraçãozinho dela parecia que ia sair pela boca), e pelo pouco que estudei até agora de Medicina, percebi que ela estava enfartando. Enquanto acariciava a orelhinha dela, eu pensava como o amor entre um ser humano e um animal é saudável: ele está sempre ali,mostra-se preocupado quando percebe que estamos tristes, adora nos abraçar sem motivo aparente e, não importando nosso mau humor de cada dia, sempre demonstra felicidade quando lhes jogamos migalhas de atenção. Isso tudo, que a priori parece tão pequeno, torna-se imensamente grande se analisarmos o bem que um pouco de atenção pode fazer a nós mesmos.
Não estou dizendo que o amor entre humanos seja nocivo à saúde, não-não. Só penso que meu sentimento pela cadela Milla é bem melhor do que meu sentimento pelos meus casos amorosos que ultimamente só têm me dado prejuízo emocional, psicológico, mental e dietético.
E ela, como ficou? Está comigo, dormindo nos meus pés enquanto eu digito esse texto. Nesse momento, sofro da terrível sensação que um reloginho peludo que eu amo imensamente está com as pilhas gastas e seu tic-tac está cada vez mais fraco.
Fechando esse post, só posso dizer que sinto saudades antecipadas. E, indiferentemente dos demais sentimentos que vêm me tirando o sono, sentir isso dói.Muito.

Nota: Na terça feira, 20 de março de 2007, minha querida amiga foi embora.
(e a saudade antecipada virou saudade latejante)