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sexta-feira, setembro 28, 2007

Solitude

Clarice Lispector dizia que saudade é uma fome que só se sacia quando se está na presença do ente saudoso. E quando essa pessoa já não existe mais?
Aprendi, a duras penas, que nada é imutável. Amigos, namorados, pais, lugares - e eu, até eu! - mudamos o tempo todo. Como se adaptar a essas mudanças?
Como aceitá-las?
Como evoluir com elas?
Sim, porque a grande miséria da vida é o "pra sempre".Viver na ilusão de que a realidade pode permanecer em stand by forévah é uma das maiores burrices que alguém pode cometer.
(e é a burrice que todo mundo - e eu, e eu também! - cometemos o tempo todo.)
Por que estou lhes dizendo tudo isso? Nem eu sei direito. Meu irmão(que já vai casar no começo do próximo ano, que me deu um laptop assim, do nada - talvez porque o amor de família seja, enfim, imutável!- ou, talvez, porque a saudade faz a gente dar presentes de surpresa para garantir nossa existência no dia-a-dia do ente presenteado mesmo quando estamos distantes fisicamente)vai embora pra SP amanhã e eu me peguei pensando em como eu era feliz nas eternas tardes que passava ao lado dele fazendo nada e fazendo tudo ao mesmo tempo, anos atrás, quando eu nem tinha idéia da dor eterna que é sentir saudades do que já não existe mais.
Alguém que me fez sofrer imensuravelmente,certa vez, disse que a felicidade é questão de competência. Ela não vai acontecer quando passarmos naquele concurso público impossível, nem quando namorarmos aquela pessoa inatingível, tampouco quando formos a pessoa mais rica do mundo..
Ela pode acontecer a qualquer momento, mesmo com o mau-humor cotidiano, não importando as tristezas bestas que pessoas bestas nos causam. (às vezes, nós mesmos somos essas "pessoas bestas", analisando bem..)
Bem, observando minhas posses do momento, tenho um laptop, um irmão maravilhoso, duas gatinhas indóceis e uma cólica dos infernos.

Creio que dá pra ser feliz com isso..