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sexta-feira, outubro 10, 2008

"Compreendeu que fazia parte dos fracos, do lado dos fracos, do país dos fracos, e que deveria ser fiel a eles, justamente porque eram fracos e procuravam recobrar o fôlego entre as frases. Sentia-se atraída por essa fraqueza como por uma vertigem. Sentia-se atraída porque ela mesma se sentia fraca."
"Eu poderia dizer que a vertigem é a embriaguez causada pela nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa própria fraqueza mas não queremos resistir a ela e nos abandonar. Embriagamo-nos com nossa própria fraqueza, queremos ser mais fracos ainda, queremos desabar em plena rua, à vista de todos, queremos estar no chão, ainda mais baixo que o chão.
- O que é que você está sentindo?
- Nada.
- O que é que eu posso fazer por você?
- Quero que você fique velho. Dez anos mais velho. Vinte anos mais velho!
Com isso, queria dizer: quero que você fique fraco. Que você seja tão fraco quanto eu."

Trechos do livro A insustentável leveza do ser



* e quanto à continuação das histórias sobre as entidades que coabitam comigo na faculdade, fica "pra depois" de novo..

quarta-feira, outubro 08, 2008


Certa vez, um ambicioso e um invejoso perderam-se no deserto.
Após vários dias de caminhada sem água e sem comida,
encontraram uma arca.
Ao abrirem a arca, um gênio mágico disse-lhes:
- Vocês só têm direito a um desejo. O que um pedir,
darei ao outro em dobro.
Sem pensar duas vezes, o ambicioso empurrou o invejoso e disse:
- Ele quem vai pedir!
O invejoso, furioso com a esperteza do ambicioso,
refletiu por um instante e,
após um sorriso maquiavélico, respondeu ao gênio:
- Cega-me um dos olhos.






Honestamente, o ser humano me assusta.
Aliás, complementando o pensamento, a capacidade do ser humano em ser terrível me assusta.
Nessa faculdade que tanto penei para ingressar, como bem devem lembrar os leitores mais antigos do blog, existem certas entidades que, se não me dão medo, dão-me pena. E nojo, um pouco de nojo também. Contudo, penso que, muito provavelmente, se eu tivesse ingressado em qualquer outro curso, também conheceria outras entidades que me causariam sentimento de medo,de pena e de nojo. (creio que o diferencial da minha faculdade é o terrível fato dela ser integral – períodos da manhã e da tarde, e, às vezes,até da noite - e de existirem as intermináveis sessões de discussão de casos clínicos, em que um grupo de 9 pessoas tem de passar 1 semestre tendo duas reuniões semanais que podem durar horas a fio para discutir determinadas enfermidades)
Apresentando-lhes alguns dos personagens com quem eu tenho de conviver todos os dias:

Anail F*. é psicopata. Ei, sério, ela é psicopata mesmo. Durante as sessões de casos clínicos, se ela perceber que algum dos seus colegas de classe não está dominando muito bem o assunto discutido, ela começa a questioná-lo para que o professor perceba que ele não estudou a matéria a fundo. Anail F. só participa das discussões com seu caderno repleto de anotações em cima da mesa, e quando algum colega começa a se destacar positivamente em determinado assunto de uma enfermidade, ela diz “mas você não falou isso e isso e isso e isso e isso.”.(o detalhe que o colega falou o que sabia de cabeça e o que ela falou foi lido de suas anotações é só um detalhe.) Certa vez, Anail F. percebeu que um colega se confundira em determinado assunto e o professor não havia percebido. Desesperada, ela disse:
- Professor, professor, ele errou, tira ponto dele!
O sonho de Anail F. é ser primeiro lugar da sala. Infelizmente, sem seu caderno de anotações, Anail F. é incapaz de diferenciar um sarampo de uma catapora.

Problemas com a Boo? Adivinhem!
Anail F. me detesta porque eu passei numa monitoria em que ela não passou. O que para alguns não é nada, para Anail F. é motivo de ódio e rancor eternos.
Certa vez, logo após Anail F. ter-lhe interrompido com sua verborragia do caderninho de anotações da Bela Adormecida, Boo disse:
- Pessoal, olha a falta de educação, é preciso deixar cada um ter a sua vez... (até porque pescar no caderno fica fácil até pra uma criança que acabou de aprender a ler)
O que Anail F. respondeu?
- É verdade, professor, as pessoas precisam se tocar,isso é muito chato!
O que a Boo respondeu?
- Anail, eu ainda não terminei de falar, dá licença?

Anail F. possui uma paixão reprimida pela próxima entidade que eu vou lhes apresentar.
Mas só depois, porque, falando em sessão de casos clínicos, tenho de estudar para a de amanhã, senão a Anail vai fazer questão de mostrar ao professor que eu não estudei tudo..

*nome fictício, claro.