Pesquisar este blog

sexta-feira, outubro 21, 2005

E sobre o referendo?

Sinceramente, já me meti em tanto duelo verbal desgastante com gente ingênua que de um momento para outro tornou-se especialista em comércio bélico que a paciência para discutir com esse tipo de gente no blog é nula. (ou seja, vapaporra quem vota no "sim" por antecedência)
Contudo, se alguém quiser ler uma opinião interessante sobre o assunto, eis um site que está sabendo tratar dessa questão muito bem:
Midia sem Máscara
observem esse texto:
CLICA AQUÉ

Apesar de ter dito que não iria mais rodar a baiana sobre o desarmamento, vou tocar noutro assunto:
E da crise política, alguém lembra?Ou se esqueceram do mensalão, dos deputados corruptos, do juiz que não quer mais cassar ninguém, do Dirceu ainda esperneante, do Lula-lá-dá-cá e de toda esse patifaria que esse Pt de merda armou e CONTINUA armando criando um referendo imbecil com perguntas imbecis para uma população ainda mais imbecil que pensa que num apertar de botão vai contribuir para melhorar o mundo?

CHEGA, eu não vou mais perder meu tempo nessa história.
Gifs lécais

domingo, outubro 16, 2005

Esperança


No segundo semestre deste ano, reparei numa novata da minha sala. Ela era pequenininha, magra quase esquelética, com os cabelos estranhos e assanhados, o rosto muito pálido, e várias vezes eu a flagrava observando-me insistentemente.
- Provavelmente mais uma que me considera um bicho estranho - eu pensava.

Semana passada, enquanto eu estava sentada sozinha, ela veio falar comigo.
- Boo, você não lembra de mim?
Arregalei os olhos. É fato que eu sou uma desmemoriada no quesito "nomes"(levo, em média, uma semana pra decorar o nome de alguém que acabei de conhecer - e sempre passo situações constrangedoras por causa disso), mas esquecer de amigos já era um abuso.
Observei-a bem e percebi ela estava com o cabelo quase raspado.
- Huh, no momento eu não te reconheço. Talvez seja por causa do cabelo.
- É, eu resolvi tirar a peruca. Incomodava e coçava muito.
- O que houve?

Ela suspirou fundo e segurou minha mão. Normalmente, eu daria um tapa num desconhecido que fizesse isso, mas algo me dizia que aquela menina era alguém a quem eu já quis muito bem.
- Nós éramos amigas de infância, e você foi até no meu aniversário de 15 anos..- Ela riu, mas ficou séria de novo- Eu estava cursando odonto, mas sempre quis medicina. Todo ano eu me repetia que iria trancar o curso e tentar tudo de novo, mas a conveniência, a preguiça, as pessoas.. Enfim, já no final do curso, ano passado, minha barriga começou a crescer e meu período de mestruação parou.
- E então?
- Fui à ginecologista e ela disse que eu estava grávida, e me mandou fazer um exame de ultra-sonografia para confirmar. Ah, minha mãe deu um escândalo, espalhou para toda a família, meu pai chamou meu namorado para uma conversa, imagine o desastre! Quando o médico estava fazendo o exame, eu percebi que ele franzia a testa e passava um certo tempo pensando. Chamou minha mãe para fora da sala e disse que voltava em breve. Acredita que eu ainda pensei "xi, o neném é deformado!"? Pois bem, quando minha mãe e o médico voltaram, percebi que minha mãe estava com os olhos inchados e com o olhar atônito. Eu estava com um tumor tão grande nas trompas que tive de ser hospitalizada naquele dia mesmo.
- Hum.
- Fui operada, fiz quimioterapia, um inferno! Daí eu pensava "eu vou morrer e não vou ter feito o que eu queria fazer", entende? Era só o que eu conseguia pensar, "eu vou morrer e tive preguiça de viver".

Eu apertei sua mão mais forte.
- Então, o milagre aconteceu, deu tudo certo! Fiquei curada! Já estou até podendo dirigir sozinha- ela soltou uma risada -e assim que o meu cabelo voltar a crescer eu vou pintar de loiro, porque eu gosto de mim loira, sabe?
- É, eu sei. E seu cabelo vai ficar cacheadinho de novo, parecendo um anjinho.
- Você lembrou de mim!
- Prometo que não me esqueço mais.


E como eu poderia me esquecer, depois disso?
Ela não sabe, mas me ensinou uma coisa linda: o maior engano que alguém pode cometer é pensar que é feliz enquanto passou toda a existência cochilando na sala-de-estar da vida. O segredo da felicidade - e isso, infelizmente, não vem escrito numa fitinha dentro de um biscoito japonês - é conciliar as possibilidades da vida dos sonhos com as possibilidades da vida acordada.