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terça-feira, maio 13, 2008

No Rain

Depois de séculos sem postar nada, eis que os três visitantes do dia 13/05/08 chegaram até esse blog procurando por ex-participantes do BBB peladas.

Ah, como eu sinto falta da blogolândia.

Dia desses, estava na UTI de um hospital para acompanhar uma entidade querida no falecimento do seu tio, que era alcoólatra. Enquanto o corpo desse tio era enrolado nas ataduras, cruzei o olhar com um velhinho de 83 anos que estava no leito ao lado, cheio de eletrodos no peito, respirando de boca aberta e com o rosto tão pálido quanto um lençol duma propaganda de amaciantes Fofo.
"Ele deve se sentir como se estivesse na fila de espera.", não pude evitar de pensar. Enquanto eu andava de um lado para o outro da UTI, esse velhinho cismava em me acompanhar com os olhos. Parei. Ele piscou. "Oxe, ele tá acordado?" Continuei. Ele virou o pescoço para me acompanhar. Parei de novo. Ele sorriu.
Não dá pra explicar a sensação que experimentei naquele momento. Ele, já em condição terminal, com a respiração parecendo o cooler do meu computador que já não presta mais, ainda teve vontade de sorrir pra mim ?!
E eu, que há tempos já não sorrio sequer pra uma criança no meio da rua?
Obrigada, velhinho do leito 15. Você me ensinou algo que eu vou carregar comigo pro resto da vida: no estágio final, só o que a gente tem que ter e levar com a gente é amor. Ali, naquela cama fria, de que valem as mágoas, as desilusões, os maus-entendidos? Nada.
E aqui, enquanto sentada no meu computador e rindo sozinha da mazelice do Ronaldo, de que me vale carregar comigo os nhenhenhéns da vida cotidiana?
Nada, não valem nada.

É preciso não deixar que isso seja esquecido..

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